quinta-feira, 19 de junho de 2008

Sarando

Dizia o poeta sobre o frio
na voz suave de uma dama.
E o sopro doce que do vento emana,
de menina-boneca, cantarilhado vinha.
Encontra-me sozinha
a fazer uma prece
por ares mais quentes...
É que em meio a tanta gente!,
Minha alma inibida se encolhe
E sente, de fato, tanto frio!
Faz-se alma vagueando pelo vazio:
Pulmão, coração, abdômen.
Todo o caminho da fome.
Chega às pernas, canelas.
Esconde-se do rosto.
E somente quando é posto
novo acorde
na viola,
Ela enfim, por um pouco, desenrola
e se atreve a batucar por entre os dedos.
Mas cedo cessa
sua pequena aventura!
Alma retoma sua defesa e compostura
Vai à coluna, entortá-la um pouco mais!
E ora cruza-se nos braços,
Ora põe as mãos em laço
Horas no espaço, protegendo,
É só o que faz!

Mas é então que a luz de tudo se apaga...
E um brilho, de repente, pela sala:
um candeeiro, sorrateiro, que a chama!


E inflamado um calor que alumia,
Essa tal alma até entanto arredia,
Se inebria pelo vermelho destemor!
Que o fogo logo impõe-se
(com louvor!),
E não contente em ter na luz a sua graça
O mesmo brio, tão confiante, se transpassa,
Espalha em fumaça se exibindo em seu ardor!
Assim em pouco a velha alma, hesitante,
Vai-se envolvida pelo tal tremor dançante!,
E esquecendo, pelo instante, seu disfarce,
Deixa entrever por um momento sua face,
Por fim desfaz-se
na coragem
de um sorriso.

Um comentário:

Chá das cinco disse...

Que lindo Patrícia!
Nooooossa! MARAVILHOSO o Blog!
Parabéns por tanta sensibilidade.
Um encanto!
Beijos carinhosos
Ive