quarta-feira, 10 de outubro de 2007

Peso de folha

Não há nada tão leve como as folhas.
E não digo por sua massa específica, não me refiro ao peso contado pela pressão exercida pelos corpos em uma superfície plana.
Falo pela sua pura e simples leveza,
Pelos seus movimentos em espiral,
Pela sua facilidade em elevar-se.

Diferentes cores, tamanhos, odores,
Variadas combinações de uma mesma natureza,
As folhas conferem ao mundo o frescor das sombras, a pureza do ar, o refúgio da liberdade.
Engraçada constatação:
Os pássaros percorrem o mundo atrás de seus sonhos e encontram,
Nas mais diversas paisagens,
Nos mais distantes destinos,
A certeza das folhas.

Somos todos, ou deveríamos ser, um pouco folha.

Seja assim entendido:
A chegada das chuvas a conduzir a mudança de nossas cores,
Nossa existência conjunta aos sonhos de beija-flores.

Seja assim festejado:
O passar de nossos anos a trazer-nos leveza,
a transformar-nos em certeza,
Para que o manso sopro do outono nos encontre preparados.

Um comentário:

Dan Vícola disse...

Pati...
Comecei agora a ler, como se deve, o conjunto de sua obra!
Que maravilhas deitas no papel, querida Pati.
Sim, a semelhança na visão de mundo se faz sentir em tantos momentos!
Mas somos diferentes no expressar, contudo.
Como bons virginianos, dialogamos sem deixar de sermos ÚNICOS.
Tão bom se sentir entendido, sentido, traduzido.
Acho crime que não escrevas todos os dias.
Pois todos os dias a leria com eufórica impaciência pelos versos futuros.
Encantado pelo seu universo.
Grande abraço.