quinta-feira, 11 de outubro de 2007

Círculo Trigonométrico

O tempo era para agradecimentos e não abstrações.
Entretanto, mais uma vez distancio-me de minhas obrigações
E penso encontrar em ti o refúgio para meus desprazeres.
Qual insensatez!
Justamente tu, que não entendes meu desespero!

Não culpo-te, acredite!
(nem mesmo o fiz outrora... ainda que não compreendas).
Digo-lhe apenas: não agüento!
Conheceste-me no momento em que me consumia, sem perceber.
Traduziste-me, interpretaste-me,
E partistes, como haveria de ser.

Se quiseres, encontrar-me-á, agora, assim:
Terceiro quadrante, sinal negativo, sentido anti-horário, duzentos e tantos graus.
Mais um impulso e sentirei o início da vertigem,
Mais um passo e a força do desequilíbrio tomará conta de mim,
Apenas um descuido e chegarei à inclinação em que o único sentido são as pernas para o ar.

Não há motivos exatos, não há resquícios de esperança,
Não há nem mesmo talheres na mesa
(seria, talvez, melhor assim?)!
Há apenas espasmos de uma fingida alegria,
Há revolta pela incapacidade de um sorriso honesto.
E há a constância da tristeza.

Um comentário:

Rafael Guerreiro disse...

Acredito que me encontrará no mesmo quadrante. Lindo texto. Parabéns! Vou colocar seu link no meu blog.