sábado, 15 de setembro de 2007

Pedido

Concedam-me, ainda que apenas por hoje, a permissão para a alegria ordinária!
Invade-me um desejo contínuo de provar o gosto de seus prazeres,
Instiga-me a possibilidade de faltar aos vícios de minha lucidez.
Confesso, por meio de versos desconexos, que há tempos convivo sob o conflito de minhas convicções e, deliberadamente, desafio-me aos atos ilícitos.
Flerto com alternativas que, não de hoje, se me apresentam e cuja recusa acreditei por longo tempo fortalecer-me a virtude.
Não mais creio, por hoje.
Pelo momento, desejo apenas provar da insensatez.
Por um instante somente, concedam-me o hiato dos sentimentos, o intervalo dos princípios.
Desejo a alegria dos bobos, a autenticidade das crianças, a leveza dos bêbados.
Desejo flutuar em nuvens de ausência e quando, lá de cima, afigurar-se o auge da contradição de meus porquês, desejo apenas rir do formato quadrado daquilo a que se chama existência.
Contentem-se com o fato de que, por hoje, abdicarei dos julgamentos.
Por hoje, serão entregues corpo e sentidos para a emolduração da felicidade.
E assim, rirão todos de minha insanidade,
Saciar-se-ão de minha descompostura,
Aliviar-se-ão por minha corruptibilidade.
Enquanto ausenta-se minha razão, desfrutarão todos de incontestado desregramento.
Por meio de meu delírio, peço permissão para que justifiquem-se vossas fraquezas humanas e mantenho-me subserviente às mais caridosas intenções.
Renuncio ao contraponto e, por ora, dormiremos em paz.

Um comentário:

Dan Vícola disse...

*.*
Encantado.
Pura e simplesmente.