Portas fechadas

Por favor, dêem-me um pouco de silêncio!
Deixem-me sozinha enquanto penso, que eu já não agüento mais nada!
Estou cheia de suas discussões mal-acabadas, seus sorrisos forçados e seus assuntos supérfluos.
E também não quero mais por perto esse amor sem chama.
Que apenas dorme a mesma cama e diz que se ama como fim de conversa.
Essa inércia me cansa e o marasmo me consome!
Eu ainda tenho fome dos sentimentos intensos e avassaladores.
E essa existência sem cores tem-me deixado enjoada!
Aborrecem-me tais horas reguladas pela previsão do tempo e o jornal das oito.
Eu não quero sua pena da favela, nem os resumos de novela ou da vida dos outros.
É que eu já não suporto mais fachadas.
Eu não tolero tanto egoísmo.
O que eu preciso é dar vida aos sentidos e traduzi-los em palavras.
Então, por favor, respeitem o que diz essa porta fechada.
E dêem-me um pouco de silêncio, eu insisto.