Solitudes
I .
Falar sozinha
é trazer a lingua
do meio do peito.
E no meio do aperto
(do metro lotado)
(do supermercado)
(da fila do caixa ao lado)
Ausentar-se do centro
da atenção comedida
E expor sem medida
aos olhares dos outros
que sabe tão pouco
quem não escuta
a voz da alma.
II .
Cantar sozinha
não é nenhum
trauma de infância
(ou sinal de inconstância)
(de problema de ouvido)
(de falta de amigo).
Tralalar por ai
batucando nos dedos
é contar os segredos
guardados consigo
para ajudar os sentidos
a encontrar sua dança.
III .
Chorar sozinha
é uma chuva só minha
que não respinga
em ninguém.
(No caminho do trem)
(do amor que não vem)
(da falta do bem)
faz molhar toda a rua
e a barra da roupa.
Deixa a tristeza solta
para ir mais além.
Chorar sozinha
é lembrar da sombrinha
nos dias de sol.
Falar sozinha
é trazer a lingua
do meio do peito.
E no meio do aperto
(do metro lotado)
(do supermercado)
(da fila do caixa ao lado)
Ausentar-se do centro
da atenção comedida
E expor sem medida
aos olhares dos outros
que sabe tão pouco
quem não escuta
a voz da alma.
II .
Cantar sozinha
não é nenhum
trauma de infância
(ou sinal de inconstância)
(de problema de ouvido)
(de falta de amigo).
Tralalar por ai
batucando nos dedos
é contar os segredos
guardados consigo
para ajudar os sentidos
a encontrar sua dança.
III .
Chorar sozinha
é uma chuva só minha
que não respinga
em ninguém.
(No caminho do trem)
(do amor que não vem)
(da falta do bem)
faz molhar toda a rua
e a barra da roupa.
Deixa a tristeza solta
para ir mais além.
Chorar sozinha
é lembrar da sombrinha
nos dias de sol.